quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Lula lá, cá e acolá

O PT não tinha muita opção. Mas, ao aceitar tão mansamente que Lula escolhesse o candidato à Presidência _e como a aplicada Dilma aos poucos justifica a inventividade do presidente_, o partido perde a condição de se contrapor ao Planalto na definição de outros palanques importantes para 2010.
Lula é quem resolverá o conflito de interesses entre petistas e os governadores Cid Gomes (PSB-CE), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Eduardo Campos (PSB-PE), aliados em busca da reeleição. Os correligionários Luizianne Lins, prefeita de Fortaleza, Lindberg Farias, prefeito de Nova Iguaçu, e João Paulo, ex de Recife, deverão se conformar com a disputa pelo Senado.
Caberá ao presidente, também, sanar as rivalidades e decretar quais caciques estarão na cédula em Estados como RS, PR, MS e MT.
Mais importante, Lula cuidará pessoalmente da montagem da chapa petista em São Paulo, base do provável adversário de Dilma.
Antonio Palocci, por ora, é o favorito. Não só porque mantém a estima do presidente, mas também porque agrada a várias alas do PT.
O ex-ministro, porém, depende da boa vontade da Justiça. Precisa ser inocentado do escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro _e logo. Além disso, não se sabe se toparia uma parada que o partido considera quase perdida para José Serra (o próprio ou o candidato dele).
Uma chancezinha, aqui, de o PT retomar as rédeas? Improvável.
Se Lula quiser um palanque sólido para Dilma, poderá escalar Marta Suplicy e perseguir votos com a "dobradinha" de mulheres de fibra.
Se concluir que, em São Paulo, 2010 servirá apenas de trampolim para 2012 na capital, por que não indicar ele próprio o "nome novo" para o salto? (Como, aliás, fez com Marta, derrotada em 1998 e vitoriosa em 2000.)
O PT de raiz torce _e como torce_ para que Lula, depois de ter imposto uma novata para a eleição nacional, não venha exigir o ministro-galã Fernando Haddad (Educação) em São Paulo.

coluna de 26.fev.2009

melchiades.filho@grupofolha.com.br

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