quarta-feira, 4 de maio de 2011

Canhão de luz

Os desafios do governo Dilma começam a atrapalhar os planos de Antonio Palocci.
O ministro da Casa Civil fazia de tudo para não exibir em público o poder que possui _e exerce.
Sabe que seu papel central na equipe se deve a conveniências políticas e à carência de quadros do PT, não a afinidades pessoais com a presidente. Embora tenham se aproximado na campanha, ela e ele, o mundo sabe, não falavam o mesmo idioma no governo Lula.
Palocci aprendeu a duras penas que os holofotes são atraentes, mas perigosos. O estrago da quebra de sigilo do caseiro teria sido menor se, à época, ele não pintasse como candidato natural à sucessão de Lula e não manobrasse por isso.
E ele já deve ter percebido, também, que quem opera no bastidor ganha um bônus: atribuem-lhe influência até no que não tocou.
Passados cem dias, porém, três problemas dificultam a permanência de Palocci na moita:
1) Na economia, Dilma adia a alta de juros que o mercado reclama para deter a inflação e faz um duelo faquir-serpente com os especuladores: perde quem piscar primeiro. Enquanto isso, os preços sobem.
2) O governo não decola, incapaz de gastar dinheiro direito e resolvido a fazer superavit (aqui, sim, atendendo o mercado). Banda larga universal, obras da Copa, Minha Casa, Minha Vida, tudo empacou.
3) Partidos aliados estão insatisfeitos com seus espaços e revoltados com o desdém da Presidência.
Com trânsito no Congresso, entre empresários e na imprensa, Palocci é um porta-voz "de credibilidade".
Nos últimos dias, foi acionado para anunciar a concessão de aeroportos, reiterar o "compromisso" do governo contra a inflação, arbitrar a pinimba entre produtores e ambientalistas acerca do Código Florestal e sossegar os desalojados do PT (Caixa) e do PMDB (Funasa).
Alguém tem dúvida sobre quem será chamado a negociar com a direção petista na nova era Delúbio?

coluna de 02.mai.2011


melchiades.filho@grupofolha.com.br

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