sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Eleição combina voto local com articulações para 2010

O domingo deverá confirmar a máxima de que a oposição não ganha eleições _a situação é que as perde. Segundo as pesquisas, o prefeito bem avaliado se reelegerá ou fará o sucessor.
A hipótese de que prevalecem as demandas cotidianas, as queixas do eleitor e sua opinião sobre a administração que encara as urnas explica a tendência continuísta. O brasileiro em geral se diz satisfeito _com a situação econômica (o crash dos EUA nem respingou nas campanhas), com a inclusão social e de consumo dos anos recentes e, também, com a atuação obreira e eficiente de muitos prefeitos neste quadriênio, anabolizada pela injeção orçamentária no Fundo de Participação dos Municípios.
Pode parecer descabido, diante disso, falar da influência de Lula, da euforia mineira por Aécio Neves ou de qualquer outra força eleitoral que não diga respeito às questões locais.
Fosse decisivo o dedo de Lula, afinal, o Rio não veria subir nas pesquisas justamente os candidatos menos identificados com o presidente (Eduardo Paes e Fernando Gabeira). Fosse automática a transferência dos votos aecistas, também, o PSDB mineiro não estaria na pindaíba, com horizonte de vitória em 7 (e olhe lá) das 28 principais cidades do Estado.
Mas raramente as chapas municipais são montadas como parte de estratégias de manutenção ou tomada de poder restritas às cidades. A razão do voto pode ser local, mas a da articulação política não é.
O Planalto, por exemplo, operou em todo o país para enfraquecer as lideranças nacionais da oposição _e manter sob controle os aliados com ambição majoritária daqui a dois anos. E como desconsiderar a “onda vermelha” se, mesmo que o PT não venha a confirmá-la, ela já pauta os movimentos de todos os partidos?
Não é exagero ou erro, portanto, “federalizar” a análise ou fazer projeções para 2010. As eleições nos municípios fazem parte de alianças ou projetos que poderão pegar embalo ou não _a teia de interesses que a Folha procura retratar nos textos abaixo.

texto de 03.out.2008

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