sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O que está em jogo - os partidos


PT
O Planalto fixou três grandes metas nesta eleição: 1) sabotar as lideranças nacionais não-petistas; 2) assegurar o sucesso de ao menos um partido aliado nos principais municípios; 3) promover o crescimento das prefeituras petistas, tanto nas metrópoles como nas cidades pequenas. De sua parte, o PT fixou uma meta: obedecer cegamente o Planalto. O partido enfrenta as votações com uma unidade sem precedentes. Conhecido pela luta fratricida entre suas correntes, agarrou-se como pôde à popularidade recorde de Lula, aplaudiu o "dedazo" de Dilma Rousseff para 2010 e, em alguns casos, como Goiânia, topou alianças inimagináveis no passado.
Há chances de uma "onda vermelha" nas urnas. Mas, para que ela se confirme, o partido precisa: 1) saltar dos 400 municípios atuais para quase 700 e se consolidar como o substituto do PFL no interior; 2) crescer nas grandes cidades e capitais, para garantir palanques para 2010 e se contrapor ao "W.O." em Belo Horizonte e à ameaça de vexame em Porto Alegre (risco de ficar de fora do segundo turno após 20 anos); 3) conquistar posições em São Paulo, o território de José Serra, pré-candidato com mais musculatura contra o lulismo.

PSDB/DEM
Aliados antigos, PSDB e DEM jogaram de olho em 2010 _por estratégia, por afoiteza e/ou porque sabiam que o rolo compressor de Lula viria em 2008.
Os tucanos não resistiram à perspectiva de eleger o próximo presidente e racharam entre Serra e Aécio. Já os democratas, com o esfacelamento de suas bases no Nordeste e a derrocada de Cesar Maia no Rio, trabalhou para projetar nomes para as próximas majoritárias.
Com objetivos tão distintos, os partidos largaram como adversários em 14 capitais _diretamente em 4 e em coligações distintas em 10. Do mesmo lado, estão em apenas 11 _e, ainda assim, em 5 apoiaram outra sigla. Só em Curitiba, Teresina, Belém, Florianópolis, João Pessoa e Rio Branco um topou apoiar o outro na cabeça de chapa _com horizonte de vitória só nas quatro primeiras.
Em São Paulo e Salvador, os vôos solos resultaram em ataques mútuos duríssimos. Mas é curiosamente nessas cidades que os dois partidos depositam as esperanças de virar o jogo. Dando Kassab (ou Alckmin) em São Paulo e ACM Neto em Salvador, o PT não terá crescido como pretendia nas capitais _e a oposição terá assegurado palanques importantes para se reaglutinar em 2010.

PSB/PDT/PC do B
No varejo, cada um dos três partidos deverá sair das eleições com algo do que se gabar. O PSB exaltará a vitória em Belo Horizonte (apesar do candidato escolhido pelo tucano Aécio) e das reeleições em João Pessoa e Boa Vista. O PC do B falará do triunfo em Aracaju e, no mínimo, da empolgante campanha em Porto Alegre. O PDT dirá que sobreviveu ao escândalo que pilhou um de seus líderes (Paulinho Pereira) e assegurou cidades importantes como Campinas e Niterói.
No atacado, no entanto, o chamado "bloquinho" não deverá alcançar as metas que fixou no início do ano: 1) Não terá reforçado sua posição dentro da coalizão de Lula nem contido o ímpeto "hegemonista" do PT (sob todos os aspectos, o partido do presidente avançará); 2) Não terá avançado como um bloco nas prefeituras (nas grandes cidades, os vôos solos foram mais numerosos do que as candidaturas em conjunto); 3) Não terá divulgado o nome de Ciro Gomes à sucessão presidencial (diante dos sinais de Lula na direção de Dilma Rousseff, o deputado cearense preferiu se recolher, não se indispor com o PT nacional e mergulhar na campanha em seu Estado, sobretudo para evitar/adiar o revés em Fortaleza).

PMDB
O cenário é bem diferente para o partido que faturou todas as capitais nas primeiras eleições municipais pós-ditadura. O PMDB saberá só no segundo turno se cresceu nos municípios _ou se não encolheu. Dentre as capitais, é dada como certa a reeleição apenas em Goiânia e Campo Grande. No Rio, em Florianópolis, em Salvador e em Porto Alegre, o resultado ficará para o dia 26. Algo, de certa forma, frustrante, já que o partido se encastelou como nunca no governo Lula e, apesar da crise que abateu Renan Calheiros, conservou o controle do Senado (e, junto com o Planalto, da pauta legislativa).
Por vezes, o PMDB pareceu mais empenhado em negociar o controle da Câmara a partir de 2009 do que em avançar sobre as prefeituras. (Deverá trabalhar no Congresso para reabrir janelas para o troca-troca partidário e, dessa forma, seduzir eleitos por outras siglas.) Talvez tenha sido uma apatia tática, para não se indispor com ninguém e poder oferecer o vice tanto da chapa lulista quanto da tucana em 2010.
Por fim, as eleições marcam uma inflexão na carreira de alguns caciques. Novos líderes emergem nos seus redutos ou mesmo no partido, caso do governador Sérgio Cabral (RJ).

texto de 03.out.2008

Nenhum comentário: