sexta-feira, 11 de junho de 2010

PTrificado

Em público, Lula tem reiterado que é hora de "despaulistizar" a política no Brasil. Mas é justamente a seção paulista do PT que saiu fortalecida da pré-campanha.
A crise do dossiê anti-Serra serviu para desidratar a última liderança capaz de desafiar o velho _e contestado_ status quo do partido.
Fernando Pimentel, melhor amigo de Dilma Rousseff e apontado, com justiça ou não, como o responsável pelos novos aloprados, teve ontem de desistir da candidatura ao governo de Minas Gerais.
Caso saísse vencedor no segundo maior colégio eleitoral do país, o ex-prefeito de Belo Horizonte seria um contrapeso a Antonio Palocci, José Dirceu, Marta Suplicy, Rui Falcão e outros petistas de São Paulo que se aproximaram de Dilma e hoje até lhe indicam o que vestir.
Nos demais Estados, não pintou outro nome. O PT não cresceu como o previsto na era Lula. No Nordeste, por exemplo, foi o aliado PSB que mais posições conquistou.
Em contrapartida, desde os tempos áureos do Campo Majoritário não se via o PT paulista tão unido.
As várias forças do partido no Estado voltaram a se agrupar em 2009, por uma questão de sobrevivência. Havia ainda a ressaca dos vários escândalos (mensalão, aloprados 1, quebra do sigilo do caseiro). E havia o desconforto com o projeto de eleger ao Planalto uma ministra desconhecida e inexperiente. Não fazia sentido desperdiçar energia com rivalidades locais.
Agora, ironicamente, os paulistas se abraçam por causa das boas chances de vitória à Presidência.
Não cuidam só de assegurar a atenção da candidata e a influência sobre os rumos da candidatura.
Empenham-se, também, em tomar o controle da máquina da campanha, sobretudo a publicidade e a comunicação, e fincar âncora nessas áreas num governo Dilma.
Dividir esse mercado futuro com Pimentel não cabia no roteiro.

coluna de 08.jun.2010


melchiades.filho@grupofolha.com.br

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