sexta-feira, 2 de julho de 2010

Próximos passos

O saldo das pesquisas de junho foi cruel para José Serra, que neste mês teve a sua vez na propaganda eleitoral na TV. E animador para Dilma Rousseff, que se afastou um pouco do noticiário político, em giro de cocota pela Europa. Ele perdeu quando apareceu. Ela ganhou quando desapareceu.
Esse resultado não era aguardado em nenhum dos dois comitês e terá impacto nas campanhas.
A estratégia do PT será aproveitar a onda, o apoio publicitário da máquina federal e o agito da militância para tentar dar um aspecto de fatura liquidada à eleição -e daí fazê-lo no primeiro turno.
Teremos mais algumas semanas, portanto, de "Dilma Sorriso", a candidata que só vai na boa e posa para fotógrafos e cinegrafistas, grudada em Lula e decidida a evitar o confronto com o oponente e a fugir de eventos em que perguntas incômodas puderem surgir. (Não à toa, marcou debates só para agosto.)
Não será estranho, também, se o Planalto se empenhar nos próximos dias em retirar de circulação alguns dos nove candidatos nanicos _se juntos repetirem a fatia de votos de 2006 (5%), eles provavelmente forçarão o segundo turno.
Serra, por sua vez, viu que terá de recalibrar o discurso se quiser subir do patamar de 35%.
O oposicionismo discreto da largada da campanha não teve efeito mobilizador. E talvez tenha sido desmobilizador o efeito das críticas recentes à adversária _estas, pelo visto, só acentuaram que é ela, e não ele, a "continuação" de Lula.
Talvez partam agora do tucano questionamentos mais pontuais e agudos ao PT _e ao PT no governo. Ou, finalmente, propostas de conteúdo novo ou apelo novidadeiro.
Se nada der certo, restará ao PSDB apenas o apelo emocional por um segundo turno _a chance, afinal, de comparar discursos, projetos, currículos etc. Ou torcer (e trabalhar) para que Marina "A Outra" Silva roube votos do PT.

coluna de 29.jun.2010


melchiades.filho@grupofolha.com.br

Nenhum comentário: