segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Óleo cru

"Toda decisão é política", admitiu, num rasgo de sinceridade, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. "Se vamos aumentar a exploração, vender para China ou EUA, elevar o preço do combustível, entrar na petroquímica, comprar do fornecedor A, B ou C, construir refinaria aqui ou ali..."
Por isso é difícil explicar como ele segue no comando da empresa, já que anda mais empenhado em pôr de pé a candidatura ao governo da Bahia _sem receio de usar o horário de expediente para conversar escondido com José Dirceu e sabe-se lá que outros expoentes do PT.
Desde a vitória de 2010, Dilma Rousseff planeja tirar Gabrielli. Não dá para se gabar da "faxina" em Dnits e Conabs _e falar na profissionalização do serviço público_ mantendo incólume o loteamento partidário da maior estatal do país.
Amiga da presidente e técnica de carreira, Graça Foster estava (e continua) prontinha para assumir a empresa. No entanto, a presidente da República, uma especialista em energia, estranhamente recuou.
Como estranhamente recuou no debate da lei dos royalties do pré-sal. Delegou a solução aos governadores _atores interessados no usufruto rápido de receitas futuras.
As novas reservas de petróleo exigem salto tecnológico e arranjos logísticos de proporções colossais.
Não resta dúvida de que, por vocação e inércia, a Petrobras será a locomotiva desse processo. Sobretudo se estiver correto o prognóstico macroeconômico do governo, de nova retração global: a oferta de capital estrangeiro declinará, e só as empresas bem estabelecidas terão bala para captar e investir.
No entanto, entre tantos superlativos, a estatal continua como a maior caixa-preta do país. Contratos, patrocínios, medidas estratégicas, nada disso é tornado público. Uma bomba-relógio de escândalos.
A inovação faz parte das prioridades de Dilma. Terá contribuído se ampliar a transparência e melhorar a governança da Petrobras.

coluna de 05.set.2011


melchiades.filho@grupofolha.com.br

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