segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tudo sobre minha mãe

Eduardo Campos (PSB) foi reeleito no primeiro turno com 83% dos votos, um dos resultados mais espetaculares de 2010.
Faz uma gestão bem avaliada pelos pernambucanos. Obteve a melhor nota entre os governadores na pesquisa Datafolha mais recente.
É cogitado para várias posições na seleção de 2014: senador, candidato à Presidência alternativo nascido no seio do governismo ou vice dos sonhos de muita gente (Dilma Rousseff, Lula, Aécio Neves).
Galante, "Dudu Beleza" se empenha em projetar a imagem de político moderno. Mantém boas relações com os dois polos do quadro partidário nacional. Não raro critica o petismo, pelo apetite por cargos e pela leniência com a corrupção. Mas também dispara alertas incisivos sobre o risco de deixar Dilma à mercê do fisiologismo do PMDB.
Nada disso, porém, combina com o tempo e a energia que ele investe para instalar a própria mãe, a deputada Ana Arraes, no cargo vitalício de ministra do Tribunal de Contas da União. A eleição deve ocorrer nesta quarta, na Câmara.
A campanha de Campos inclui romaria pelos Estados, acordos com ex-adversários, jantares para congressistas, pit-stops semanais em Brasília. É sua prioridade zero.
Depois do asfixiamento orçamentário da Polícia Federal, o TCU tornou-se o órgão que mais preocupa e incomoda o poder central.
Foram seus auditores, por exemplo, que primeiro detectaram as fraudes que culminaram na "faxina" nos Transportes e no Turismo.
Vinculado ao Congresso, é natural e até desejável que o tribunal vire alvo de disputa política. Mas o lobby de Campos, de tão escancarado, humilha a Câmara _e diminui a mãe, uma advogada qualificada.
Aos poucos, surge uma outra face do pernambucano, antes conhecida apenas pelos poucos que haviam ousado desafiá-lo dentro do PSB, como os irmãos Ciro e Cid Gomes. Será ainda cedo para falar em um novo coronel de olhos claros?

coluna de 19.set.2011


melchiades.filho@grupofolha.com.br

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