quarta-feira, 2 de julho de 2008

O sono dos gigantes

O balanço das convenções partidárias revela um PMDB apático, contente em encabeçar chapa à prefeitura em metade das capitais e com chances remotas em quase todas elas.
Em Belo Horizonte e Curitiba, não se pode dizer nem que quis marcar posição. Fosse essa a intenção, teria escolhido nomes com mais densidade eleitoral do que Leonardo Quintão (deputado federal de primeiro mandato) e Carlos Moreira (ex-reitor da UFPR).
José Priante, em Belém, e Raul Henry, em Recife, por enquanto não passam de limpa-trilhos de lideranças políticas em xeque (Jader Barbalho e Jarbas Vasconcelos).
Eduardo Paes e Gastão Vieira têm um alento. No Rio e em São Luís, a tela está em branco: eles não empolgam, e os outros tampouco.
Situação diferente de três peemedebistas que tentam um novo mandato. José Fogaça (Porto Alegre), João Henrique (Salvador) e Dário Berger (Florianópolis) têm rivais mais poderosos do que em 2004.
As únicas barbadas do PMDB são outros dois candidatos à reeleição: Nelson Trad, em Campo Grande, onde o partido costuma dar de lavada, e Íris Rezende, que convenceu o PT de Goiânia a entrar na chapa.
Alguém dirá, e com razão, que o PMDB sempre se deu bem ao priorizar cidades menores (o ministro Geddel Vieira Lima prepara-se para recolher a rede no interior baiano neste ano). Que, em 2004, disputou duas capitais a menos (11). Ou que foi desse modo que bateu o recorde de filiados e se estruturou em 80% dos 5,5 mil municípios.
No passado, porém, havia um modo fácil de, além disso tudo, compensar a falta de arrojo nas votações majoritárias e garantir projeção nacional: arrastar eleitos por outras agremiações (Fogaça, Berger e Henrique vieram do PPS, PSDB e PDT, respectivamente).
Hoje, com a imposição da fidelidade partidária, reduziu-se a possibilidade de ir ao mercado. Como o PMDB vai gastar o seu "dinheiro"?

coluna de 02.jul.2008

mfilho@folhasp.com.br

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