quarta-feira, 25 de junho de 2008

Bloco da saudade

Salvo surpresa nesta última semana de convenções partidárias, a meses da votação é possível dizer que o "bloquinho" tremeu no primeiro teste eleitoral.
Nascido de circunstâncias da atividade no Congresso, o consórcio formado por PSB, PDT e PC do B iniciou 2008 com três ambições:
1) Arranhar a hegemonia (e a obsessão "hegemonista") do PT e firmar posição na coalizão de Lula;
2) Unir forças nos municípios e, com isso, aumentar a viabilidade de seus candidatos a prefeito;
3) Montar palanques para consolidar o nome de Ciro Gomes à sucessão presidencial de 2010.
Nada disso foi adiante:
1) O "bloquinho" desistiu de incomodar o PT antes de tentar. Toda vez que os petistas pediram socorro, aceitou retirar seus concorrentes (São Paulo, Natal, Salvador, Recife...). A contrapartida ocorreu só uma vez, em Belo Horizonte _e, ainda assim, por interferência de Aécio Neves, um tucano, e não por imposição da "nova esquerda";
2) As peculiaridades da política municipal comprometeram o projeto de replicar a parceria, ao menos no primeiro turno. Nas capitais, o trio hoje faz mais vôos solos do que em conjunto. As relações estremeceram. Abalroado pelo escândalo do BNDES, o PDT virou um tio inconveniente que ninguém quer por perto. PSB e PC do B passaram a se alfinetar no noticiário;
3) A despeito de recaídas beligerantes, Ciro não quis jogar todas as fichas já. Operou para convencer Aldo Rebelo a ser vice de Marta Suplicy, por exemplo. Reduzir a resistência do PT de São Paulo pareceu-lhe mais importante do que divulgar o nome pela TV na cidade.
Tantos recuos não tardaram a repercutir em Brasília. O "bloquinho" não mostra fôlego nem para tentar a presidência da Câmara, a empreitada que lhe deu origem em 2007. Foi procurar a solução noutro partido: o simpaticão Ciro Nogueira (PI), do PP, que de esquerda tem apenas a mão que espeta o bife.

coluna de 25.jun.2008

mfilho@folhasp.com.br

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