quarta-feira, 9 de abril de 2008

É o tchan

A geração nada espontânea da candidatura do petista Alessandro Molon no Rio ajudou a embaralhar a campanha em outras cidades nas quais a coalizão federal não produziu um nome de consenso. Ninguém mais acredita na promessa de neutralidade de Lula. Aliados que antes se viam pressionados à união nas paróquias agora correm, cada um por si, em busca da bênção do presidente.
Por isso não surpreende a decisão de ontem do PT de entregar todos os cargos que ocupava na prefeitura de João Henrique (PMDB) e lançar chapa própria em Salvador.
A capital baiana, aliás, tem hoje seis candidatos da aliança que garante o sono de Lula em Brasília.
O PMDB banca o projeto de reeleição de João Henrique. O PRB aposta na popularidade do comunicador Raimundo Varela. O PSB e o PC do B ensaiam vôo solo com Lídice da Matta e Olívia Santana. O PTB especula com o ex-prefeito Edvaldo Brito. E agora o PT, dividido entre os deputados Walter Pinheiro e Nelson Pelegrino.
À primeira vista, deixar que o cenário decante sozinho e aproveitar os múltiplos palanques não seriam opções ruins para Lula. Mas há circunstâncias que talvez o forcem a anabolizar rapidamente um nome.
Primeiro, ninguém da base entusiasma na largada. João Henrique é mal-avaliado; Varela tem piso alto e teto baixo; os petistas sempre foram rechaçados em Salvador; os demais dão traço nas pesquisas.
Segundo, o governador Jaques Wagner (PT) não parece talhado para conduzir um cenário tão diluído. Depois de falhar na tentativa de aglutinar as forças que gravitam em torno de seu governo, ventilou a idéia de bancar um tucano (!!!), o ex-prefeito Antonio Imbassahy.
Terceiro, ACM Neto desponta com chances boas. O líder do DEM suavizou o discurso não-perco-briga e desengomou o visual. Hoje, consegue não só representar o novo (e o anti) como também canalizar a saudade que a memória do avô desperta em parte do eleitorado.

coluna de 09.abr.2008

mfilho@folhasp.com.br

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