domingo, 25 de maio de 2008

Os distritos de Kassab

Ainda pouco reconhecido pelo eleitorado, já que virou prefeito sem ter recebido um voto, Gilberto Kassab precisa do máximo de exposição para fixar uma imagem (por ora não se sabe qual) e grudar o nome à sua administração, em geral bem avaliada pelo paulistano. Mas talvez não seja apenas pelo tempo adicional na propaganda da TV que ele persiga tantas alianças partidárias.
Ao se acertar com PMDB, PR, PV e setores do PSDB, o demista também engaja em sua campanha todas as forças políticas que detêm um naco da máquina municipal.
Kassab desde o princípio compôs com caciques de cada região da cidade. O PMDB pôde preservar áreas de influência na zona sul; o PR, na zona leste... daí por diante.
Isso ajudou o prefeito a: 1) obter a adesão e o silêncio dos vereadores na Câmara (importante para quem caía de pára-quedas); 2) ganhar apoio local a obras ou outras intervenções da prefeitura (fundamental para quem pretendia se consagrar como "gestor"); 3) fazer contraponto às células do PT (ciente de que o partido viria com tudo, e com Marta Suplicy, para retomar a cidade em 2008).
Esse jeito "distrital" de governar, conscientemente ou não, estará associado à campanha da reeleição.
Eventos organizados por um "comitê central", como carreatas e comícios, não surtem em São Paulo o efeito imaginado. O eleitor percebe o descompromisso do aperto de mão, do cafezinho, do discurso.
A presença no dia-a-dia do ator político, ou de um representante dele, é que faz diferença. Uns chamam isso de toma-lá-dá-cá; outros, de administração participativa.
A mudança de perfil da Câmara, com mais vereadores identificados com um único reduto e menos eleitos pelo "voto de opinião", é um sintoma dessa realidade política.
A aprovação a Kassab em franjas da periferia e sua viabilidade eleitoral, para muitos surpreendente, são outros.

coluna de 24.mai.2008

mfilho@folhasp.com.br

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