segunda-feira, 21 de maio de 2007

Ilariê

A Patrus Ananias o Planalto encomendou o PAC social, com anúncio previsto para as próximas semanas. Em junho, ou julho, ou antes, ou quando e se a CPI do Apagão Aéreo fugir do controle, Tarso Genro divulgará o PAC da segurança. Fernando Haddad já cravou o PAC da educação. O PAC da saúde ainda não tem data. Reinhold Stephanes tenta a todo custo agendar o PAC da agricultura.
De certo modo, dá para entender a decisão de Lula de emprestar as três letras a toda sorte de projeto.
O PAC original, mesmo sem contornos delineados e o reconhecimento da maioria da população, foi um sucesso midiático. Os telejornais caíram pela sigla ("funciona" na TV). A imprensa aceitou o debate sobre crescimento econômico. Todo mundo fez trocadilho, e, até por isso, a coisa parecia séria.
O balanço dos primeiros cem dias, porém, quebrou o encantamento.
Os adiamentos da apresentação dos dados já haviam indicado uma Casa Civil em apuros, e a aceleração na liberação de verbas nos dias que antecederam o datashow, sugerido corre-corre de última hora.
A cerimônia despejou a pá de cal. O governo reconheceu que metade das obras largou em ritmo insatisfatório e não soube explicar convincentemente o resto que teria caminhado conforme o planejado.
O PAC, ficou bem claro, não é o indutor de crescimento que havia sido anunciado. Isso não quer dizer que deva ser descartado. Por exigir do Executivo prestações de contas regulares, o catálogo de projetos pode ser uma ferramenta de gestão e de pressão política, valiosa em uma coalizão tão heterogênea.
Mas, para confirmar essa vocação do pacote, o governo precisa abandonar o esconde-esconde. Tem de escancarar a lista das obras, abrir todas as planilhas, tornar públicos os critérios de aprovação e avisar já o que é prioritário. Para desautorizar os que só vêem um golpe de marketing, seria bom, também, parar de inventar tantos paquitos.

coluna de 11.mai.2007

mfilho@folhasp.com.br

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