segunda-feira, 21 de maio de 2007

Minas e energia

É uma ironia que neste momento de distensão, de poucos confrontos e mínimas estridências, o político que parece menos confortável seja justamente o histórico boa praça, que pintava como um grande agregador.
O sucesso da montagem da coalizão e a estratégia divisada por Lula para interferir na sucessão fizeram murchar o balão de Aécio Neves. Como ninguém foi alijado do páreo para 2010 e ninguém pôde disparar na frente, todos por ora são parceiros, mesmo os adversários.
Na oposição, a troca de afagos com o presidente deixou de ser exclusividade do neto de Tancredo. José Arruda, governador do DF e primeiro nome lançado pelo neocarbonário Democratas, não só poupa o Planalto como faz de tudo para deixar as instalações do Alvorada do jeito que Lula pediu.
Enquanto José Serra aperta as mãos de Dilma, Mantega, Chinaglia e quem mais chegar, a tropa do governador paulista cimenta posições na estrutura tucana e cuida para que o debate (sic) se restrinja a temas em que os concorrentes assumam posições idênticas.
Aécio viu o amigo Sérgio Cabral roubar o papel de jovem político predileto de Lula. Viu o ministro Walfrido dos Mares Guia dividir uma função que ele antes desempenhava sozinho: a ponte entre grandes empresas de Minas e o governo federal. E viu Eduardo Campos (PSB-PE), mais conhecido como Dudu Beleza, montar na fatia mais gorducha do PAC e se apoderar do cetro de galã da vez em 2014.
Daí a urgência do governador tucano nos últimos dias: o jantar com o PMDB, o vazamento do convite para trocar de partido, as visitas a São Paulo, os comentários um tico menos gentis sobre o governo Lula.
São gritos de "eu existo", de alguém consciente de que 2010 não vai rolar apenas com o legado do avô, as namoradas de telenovela, os choques de gestão do vice tecnocrata e a boa vontade habitual da imprensa.

coluna de 18.mai.2007

mfilho@folhasp.com.br

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